Por Alexandre Soares *
Josafá Junior **
Larissa Costa ***
Foto: divulgação facebook.
Em 1970, um grupo de jovens da periferia de Belém
encontrou algumas crianças nas ruas da cidade, em situação de risco, e
resolveram ajudá-los. Criaram o Restaurante do Pequeno Vendedor. Aos poucos
jovens e meninos, além da comida, partilhavam experiências, desenvolviam ideias
e realizavam sugestões, transformando o Restaurante numa autentica República, a
República do Pequeno Vendedor.
E em 1980 a republica transforma-se em uma organização
não governamental sem fins lucrativos, nascia o Movimento República de Emaús, atuando diretamente com crianças e adolescentes em situação
de vulnerabilidade da periferia de Belém, que
tem como objetivo garantir os direitos destes sujeitos em
situação de risco, pessoal e social.
Remando contra maré o
Movimento tenta mudar o futuro de várias crianças, adolescentes, jovens e suas famílias,
por meio de diversas atividades, como: dança,
teatro, percussão, cursos profissionalizantes e etc. O adolescente Felipe Monteiro, 14, morador do Benguí que faz parte
do Movimento e já participou de várias oficinas como flauta, capoeira e
violão/percussão, é um dos que já tiveram a vida transformada pelo o Emaús. E o
Movimento ainda está sendo de grande importância na sua vida e destaca. “O
Emaús ensina muitas coisas, é como se fosse uma segunda casa para mim. A
importância dele é que ajuda as pessoas. Se a pessoa estiver em situação de
risco e ela procura o Emaús e vai ter uma grande ajuda”.
Foto: divulgação facebook.
Além do mais, Felipe conta que conheceu a República
através dos pais que já foram voluntários. “O Movimento República do Emaús eu
conheci através do meu pai e minha mãe. Eles foram voluntários e por isso eu
fui aprendendo e conhecendo coisas novas. E foi desse jeito que eu conheci o
Emaús, por meio da comunicação dos meus pais”, relata o jovem.
O Movimento conta com vários projetos, como o
“Educando Pela Arte”, que tem como princípio a arte para resgatar crianças e
adolescentes em situação de riscos. O “Música e Cidadania” é uma parceria entre
a organização e a Fundação Carlos Gomes e são desenvolvidas atividades de
musicalização, com aprendizagem de violino, viola, violão e teclado. E também,
conta com a colaboração da Escola de Teatro da UFPA. Mas o projeto que tem mais
visibilidade é a “Grande Coleta do Emaús”.
Grande
Coleta do Emaús
Realizada no ultimo domingo (24), a Grande Coleta do Emaús, como é conhecida, é um
projeto da organização que foi iniciado em 1972, e ocorre anualmente, sempre no
último domingo do mês de setembro, com uma estimativa de 800 voluntários, em
sua maioria jovens, percorram com caminhões
cedidos por empresas locais, as ruas de Belém recolhendo objetos
disponibilizados pela população.
Foto: divulgação facebook.
Segundo informações do site da instituição, em 12 de maio de 1972, era dia
das mães, e a cidade inteira acordava com
milhares de jovens, em mais de 100 caminhões, batendo de porta em porta,
trazendo a seguinte mensagem. “Não queremos dinheiro, apenas os objetos que
vocês não usam mais que podem servir para ajudar os meninos da República!”. A
Campanha do Emaús estava nas ruas e a comunidade foi descobrindo na rua, com o
gesto da partilha, a importância de uma “solidariedade que transforma mentes,
corações e vidas!”.
De acordo com o Movimento “A Grande Coleta é também
uma oportunidade da população tomar consciência dos graves problemas que
atingem crianças, adolescentes, jovens e suas famílias. Anualmente é
distribuída uma carta aberta com motivações e sugestões para participação”.
É através dessa coleta e de outras formas de
sustentabilidade que o movimento se mantem, mas sua maior fonte de renda é da
coleta, e mesmo assim não é o suficiente,
recebem doações em dinheiro de pessoas que apostam nesse trabalho, pessoas que
acreditam que vidas podem ser transformada com pequenos gestos. Os matérias são
vendidos para a comunidade local e assim todos são beneficiados principalmente
as crianças. “Queremos garantir que os jovens continuem no nosso espaço, e a
coleta nos dá essa esperança de continuar com esse grande projeto que e a
missão do movimento defender os direitos de crianças e adolescentes”, afirma Dina
Lúcia dos Santos, educadora do movimento.
A educadora também comenta que o Emaús ajuda de várias
formas pessoas que precisam, elas fazem compras para uso próprio e até para
revender, usam como forma de sobrevivência, uma freguesa disse “que o Émaus é
seu porto seguro, e comprando aqui por um preço barato que ela consegue
revender e tirar o sustendo da sua família”.
* Articulador jovem da agência de notícias e estudante
de jornalismo.
** Articulador jovem da agência de notícias e
estudante do ensino médio.
*** Articuladora jovem da agência de notícias,
estudante de História e voluntária do Movimento Republica de Emaús.