Foto: Jorge Anderson
| Por Sid Feijão e
Jorge Anderson, jovens articuladores da
Agência de Notícias
Nos dias 09 e 10 de novembro,
aconteceu na sede do Movimento República de Emaús no bairro do Bengui em Belém,
o Acampamento da Juventude, realizado pela Rede Direitos Humanos Contra
Violência e Pela Vida – DHAVIDA, com objetivo de promover um espaço de troca de
saberes e experiências na luta em defesa de direitos, contra a Proposta de
Emenda Constitucional 55 e extermínio de jovens negros das periferias. O evento
teve como proposta metodológica a realização de atividades autogestionadas,
além de exposições e debates sobre a conjuntura.
Dentre os participantes estavam
presente jovens da Ocupação da Escola Brigadeiro Fontenelle que fica localizada
na Terra Firme. A jovem estudante Josi Alves destacou a importância de estar no
evento e afirmou “acredito que um espaço como este é de suma importância,
estamos discutindo aqui o que de fato a juventude precisa saber, os assuntos
que a juventude precisa estar interada. Quando eu sair da ocupação da minha
escola eu tenho certeza que eu não estou perdendo tempo mas que eu vim somar
com essa galera e que a galera que está aqui também está para somar” finaliza.
Após a realização de oficinas
temáticas, os participantes formaram uma grande roda que discutiu a atuação das
famílias no processo de julgamento dos responsáveis pela chacina de Belém,
ocorrida em 2014, e de outras violências contra as juventudes.
O segundo dia de atividade teve
sua manhã bastante densa. A programação seguiu com a roda de conversa “Facismo,
Extermínio da Juventude Negra” e “PEC 55 e seus retrocessos nos direitos
sociais e políticos”. As discussões contaram com a presença de Paulo Fonteles
Filho, nascido nos cárceres da repressão política brasileira. Ele se
apresentou, socializando seu olhar sobre o fascismo e destacou que para os
padrões do mundo “o que é bonito não é o negro, o que é bonito não é o índio,
não são as malocas, não são os rios, bonito é o EUA, Miami”.
Também esteve presente o jovem
advogado Rômulo Morais, 26 anos, membro do coletivo Dhavida. Ele falou da
criminalização da juventude, das suas expressões de arte como o funk, tecno,
rap, entre outras. “O Estado não enxerga essas potencialidades e leva as
juventudes para as valas, por consequência da falta de oportunidades.”
Paula Pimentel (31) do movimento feminista
“Marias” e estagiária da FASE Amazônia também esteve lá e falou da importância
da rede DHAVIDA – Direitos Humanos Contra Violência e Pela Vida, que integra
vários movimentos da sociedade civil organizada da Cidade de Belém do Pará.
Através de debates, rodas de conversa nos bairros dialogando com as famílias
que estão na luta, o coletivo mapeia a realidade de dados que não são
divulgadas nas mídias. “Foi gratificante ter participado desse encontro onde a
juventude pode debate sobre o extermínio da juventude negra da periferia, e
sair daqui mais organizada e sabendo que a violência não é uma questão isolada
e como a gente pode se posicionar. Enquanto não houver justiça não haverá paz”,
finalizou.