quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

ENCONTRO DAS JUVENTUDES AMAZÔNICAS REFORÇA E VISIBILIZA A AUTONOMIA E PARTICIPAÇÃO DAS JUVENTUDES

Por Alexandre Soares *


O #EncontroDasJuventudesAmazônicas realizado, no sábado, 02 de dezembro, na Escola de Teatro e Dança da UFPA, contou com a participação de várias pessoas, em sua maioria, jovens para debater assuntos relacionados ao tema do encontro "Que cidade queremos para viver e o que estamos fazendo para conquistá-la".

Tudo objetivado para fortalecer a solidariedade e os movimentos de resistência e luta pelo direito à vida e à cidade. A partir da reflexão e debate sobre a atual conjuntura brasileira e o acirramento da violência nas periferias, principalmente em relação à juventude negra, definindo estratégias de diálogo entre diferentes olhares e práticas de grupos e organizações.

Através disso, o Encontro pode reforçar e mostrar que os jovens estão cada vez mais, e são, organizados, ao contrário do que tradicionalmente dizem sobre essas pessoas. "Pessoas que não ligam pra nada a não ser para si mesmo", "apáticos”, “complexos” e etc.

O Encontro começou pela manhã com uma dinâmica de integração e logo em seguida com a mesa de abertura "Juventudes e Movimentos: Urgências e (R)existência", mediada por Marineia Ferreira, Articuladora Jovem da Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia (JCA) e com a convidada Lúcia Isabel Silva, Professora Doutora da UFPA.

 

A Professora falou sobre os elementos conjunturais que envolvem e afetam diretamente as juventudes, como a falta de emprego, a falta de educação de qualidade nas escolas e universidades, ou seja, sobre a falta de políticas públicas para as juventudes, mas ressaltou o papel dos jovens enquanto protagonistas, e destacou "A juventude tem esse multi-papel de protagonismo nos processos, de fazer pressão, de ir reclamar seus direitos. Nos quais os direitos não são dados, são conquistados, através disto, não tem luta por direitos sem direitos humanos", ressaltou Lucia.

Em seguida, ocorreu uma roda de conversa com o tema "Que cidade queremos para viver e o que estamos fazendo para conquistá-la" que é justamente o tema do encontro. A roda foi mediada por Larissa Costa, Articuladora Jovem da Agência, e com a participação dos convidados e convidadas, Rafael Carmo Coordenador da Rede Paraense de Pessoas Trans (REPPAT), Naiane Queiroz Articuladora Jovem da Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia (JCA), Darla Farias Mulher Negra e representante da Rede de Mulheres Negras, Larissa Ellen representante do Movimento República de Emaús, Everton MC do grupo de rap Tem Que Ser Sagaz (TQSS) e Raphael Castro da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação (ENECOS).

Os convidados e convidadas da roda de conversa dialogaram sobre os elementos que compõem a cidade, reconhecendo-a como um espaço de disputa e afirmação das juventudes a partir da sua pluralidade de territórios.


De acordo com Rafael Carmo, as juventudes, em especial, as juventudes LGBTI sofrem com a exclusão social. "Nós temos que parar e ficar atentos para essa juventude que está aí sofrendo com a exclusão social em todos os ambientes, começando em casa quando a pessoa assumi sua identidade de gênero e a família não tem a preparação, a informação e esse ou essa jovem acaba na rua e o que resta para ela, é ser acolhida pelo tráfico e prostituição porque acha que é a única saída. A pessoa é jogada ao tráfico ou a prostituição", disse o Coordenador do REPPAT.

Outra convidada da roda, Darlah Farias falou sobre as juventudes negras, de como a pessoa negra é subjetivada e estereotipada. "O corpo negro é estereotipado a marginalização e a criminalização porque os jovens que mais morrem são os periféricos, porque temos uma estrutura social racista que é herança da escravidão do Brasil". A representante da Rede de Mulheres Negras ainda falou sobre como as pessoas negras estão lutando por mais direitos e reconhecimento. "De uns anos para cá nós temos um crescimento nas políticas públicas para que haja reparação como as cotas, fruto de nossa luta", disse Darlah.


À tarde, ocorreram às oficinas como Vídeo de Bolso, Estêncil, Photo Voice e Gênero. Para Laura Louisy, ter participado da oficina estêncil foi muito importante, pois “a oficina de estêncil propôs primeiramente uma aula teórica bem dinâmica que possibilitou um contato entre todos, debatemos questões de negritude que se interligavam com a Oficina em si e logo depois colocamos em prática o que aprendemos e fizemos tudo isso em grupo, o que incentivou a troca de ideias e a construção de novos pensamentos e opiniões. Com socialização no final do Encontro do que foi aprendido nas oficinas."


A Diretora Geral da UNIPOP, Aldalice Otterloo, reforça a importância desses espaços organizados e voltados para os jovens. “O encontro foi um dos pontos altos da programação dos 30 anos da Unipop, arregimentou um grupo muito diverso de jovens que representaram diferentes formas de organização que não são aqueles historicamente institucionalizados, são grupos de novas demandas, de novas institucionalidades, experiências, fazendo com que essa juventude pense como encarar essa realidade que estamos enfrentando em nosso país, e eles afirmando que mesmo com uma conjuntura tão adversa eles estão resistindo com ações concretas”.

O #EncontroDasJuventudesAmazônicas é uma realização do Programa: Juventude, Participação e Autonomia – JPA, por meio do Projeto Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia (JCA), desenvolvido pelo Instituto Universidade Popular (UNIPOP) com o apoio de Fundo Brasil de Direitos Humanos, Ação Mundo Solidário e Fundação Luterana Diaconia em parceira com Coletivo Tela Firme, Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará (CEDENPA) e Movimento República de Emaús.

#UNIPOP30ANOS
 O Encontro é um das várias ações da UNIPOP em comemoração aos seus 30 anos, visto que desde 1998, o Instituto direciona ações específicas para o segmento juvenil, buscando através de redes e fórum assim estabelece processos que contribuam para o empoderamento cidadão desse segmento, para que possam enfrentar politicamente os problemas que as juventudes brasileiras e em especial, a paraense, vivem.

* Articulador jovem da agência de notícias e estudante de comunicação.