quarta-feira, 29 de março de 2017

Ato mobiliza comunidade contra extermínio de jovens negros

Charge Latuff 2011, reprodução facebook.

Segundo a Anistia Internacional, em 2012, o Brasil registrou 30.000 homicídios de pessoas entre 15 e 29 anos. Destes, 77% eram negros. O Mapa da Violência de 2016, aponta que em relação a cor das vítimas em 2003 foram cometidos 13.224 homícidios por armas de fogo na população branca, em 2014 esse número desce para 9.766, o que representa uma queda de 26,1%. Em contrapartida, o número de vítimas negras passa de 20.291 para 29.813, aumento de 46,9%. Para além deste dados existe uma predominância quase exclusiva da masculinidade das vítimas, na faixa de 15 a 29 anos de idade.

Portanto, o extermínio nas periferias brasileiras tem cor, sexo e faixa etária, são jovens negros que tem suas vidas ceifadas e com o braço do estado presente. Nesse sentido, dando continuidade as ações da agência de notícias estaremos no próximo sábado (01) no bairro do Barreiro denunciando o extermínio de jovens negros nas periferias da cidade, com apoio da Pastoral do Menor da Paróquia de São Benedito.

A jovem Naiane Queiroz, integrante da agência de notícias, destaca que “o II Ato Contra o Extermínio da Juventude Negra será uma grande  oportunidade de debater, trocar experiências e conhecimentos para combatermos essas estatísticas, e construir alternativas reais para o enfrentamento às violências que acometem a Juventude Negra na cidade”, finaliza.
O ato seguirá em caminhada por algumas ruas do bairro finalizando na Paróquia de São Benedito, onde será realizado um Cine Debate sobre o tema.

Sobre a Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia
Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia, é projeto realizado pelo Instituto Universidade Popular – UNIPOP, em parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, e parceira local com o Coletivo Tela Firme, Rede de Jovens Mais Pará e Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará – CEDENPA.
A Agência tem por objetivo a constituição de um espaço de mobilização contra extermínio de jovens negros e de visibilidade de práticas positivas desenvolvidas por coletivos, grupos, organizações sociais, entre outros nas periferias de Belém.

Serviço
II Ato Contra o Extermínio da juventude Negra
Data: 01/03/2017 (Sábado)
Horário: 08h
CONCENTRAÇÃO: Pass.Mirandinha com Pass. Caju - Barreiro

segunda-feira, 27 de março de 2017

Dos movimentos a garantia e efetivação de direitos na Universidade

Por Naiane Queiroz * e Andrei Ribeiro (colaboração) **

Foto: reprodução blog


Criar canais de diálogos entre a Universidade pública e a sociedade civil tem sido um enorme desafio, sobretudo, quando se propõe a romper com a lógica de que determinados setores somente são utilizados como objeto de pesquisas e outros trabalhos no campo acadêmico. É neste contexto que a partir da realização do I Seminário sobre cotas na UFPA: diferenças SIM, desigualdades NÃO, em maio de 2013, surgiu o Fórum Permanente de Discussão, Acompanhamento e Avaliação das Cotas na UFPA, como um espaço voltado para o fortalecimento da relação entre universidade e comunidade.

A partir de então o fórum vem articulando diversos atores da sociedade cívil ligados a ONG’s, coletivos populares, redes, foruns, estudandes, entre outros. O envolvimento destes setores vem contribuindo positivamente na comunidade acadêmica e na própria sociedade civil que passa a ter um outro papel, no acompanhemento da efetivação das políticas de cotas na Universidade Federal do Pará.

Alexandre Pimenta, estudante de direito, integrante do Grupo Conexões de Saberes e participante do fórum comenta que “o fórum começou no final de 2014 início de 2015 a se envolver com movimentos sociais da universidade e fora dela, e esse ponto é positivo, pois conseguimos reunir pessoas/grupos com diferentes pensamentos e militâncias divergentes em determinados campos, se unir em função de uma pauta comum. Outro ponto positivo do Fórum é o maior diálogo com a comunidade acadêmica e para além disso com o público de fora da UFPA, contudo, no último ano conseguimos dialogar com ambos os públicos sobre o que realmente são cotas, para que serve e quem elas atingem”.

SEU OBJETIVO
Acompanhar e avaliar a política de reserva de vagas na UFPA e difundir a necessidade de políticas de ações afirmativas para segmentos historicamente marginalizados, em especial a população negra, com intuito de fazer o debate e, ao mesmo tempo, contribuir para a implementação de projetos que se referenciem nas políticas de ações afirmativas, e como uma construção coletiva vem se propondo a debater a política de cotas na UFPA.

ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
O Fórum realiza rodas de conversas, mesas-redondas e atividades culturais, pensadas, discutidas e organizadas coletivamente com os parceiros que o compõe, tendo como principal evento realizado o Seminário sobre Cotas que se propõe a debater a política de cotas na UFPA contextualizando com a política de cotas no Brasil e na Amazônia, ao compreender que a mesma se constitui como um dos mecanismos de reparação histórica e social em relação ao acesso da população negra no ensino superior público. Neste sentido, se faz necessário dialogar com o público beneficiário desta política para encontrar as maneiras de implementação das ações afirmativas dentro de seus contextos socioeconômicos e culturais, com base nos valores e princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos, ratificados na Constituição Federal Brasileira de 1988, e demais instrumentos de efetivação e garantia dos direitos sociais, civis e políticos. 

Alexandre ainda relata que “Para além do Seminário que é nosso evento maior, o Fórum se propõe a construir outros espaços de debates. No ano de 2016 conseguimos realizar uma mesa redonda sobre Ações Afirmativas, trazendo a questão conceitual/formação sobre cotas dentro da UFPA. Realizamos também uma atividade externa, executada na Escola Estadual Brigadeiro Fontenelle onde levamos para discursão a questão sobre Racismo, Identidade e Violência contra pessoas negras e da religião de matriz africana, logo esse ano a proposta do Fórum é a mesma, tendo em vista ampliar a discursão com a comunidade fora da Universidade, chegando cada vez mais nas escolas/ comunidades externas”.


*Estudante de Mecânica Industrial e articuladora jovem da Agência de Notícias

**Estudante de Serviço Social e articulador jovem da Agência de Notícias