Por Marineia Ferreira, Lara Costa e Delliane de Lima (colaboração) | Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia.
Fotos: Jean Brito
O Instituto UniversidadePopular (Unipop) através da Agência de Noticia, em parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos e Ação Mundo coletivo, realizou no
último sábado (01), um ato contra o extermínio da juventude negra. A ação
aconteceu na Praça do Marex e teve como principal objetivo sensibilizar a
comunidade local sobre o tema e denunciar a violência física e simbólica
sofrida pelos jovens negros. O evento contou com a participação de jovens de
diversos bairros, além de apresentações de coletivos e grupos artísticos.
Este é o terceiro ato contra
o extermínio de jovens negros promovido pela Unipop. De acordo com o educador,
Diego Teófilo, esse ato além de chamar atenção da comunidade para a violência,
visa também dar oportunidades para outros grupos sociais debaterem sobre o assunto.
“O objetivo do ato além de buscar sensibilizar a comunidade presente na praça,
foi também abrir espaço para ONGs, grupos, coletivos, redes e artistas de rua
mostrarem o contra ponto da violência, através da autonomia, conhecimento e
participação de mulheres e homens que lutam diariamente contra o racismo
institucional por meio de seus trabalhos sociais e da arte”, disse ele.
A Representante da Rede de
Mulheres Negras, Sabrina Souza, participou do ato e atenta para a violência
contra a mulher negra. “Quando uma de nós sofre algum tipo de violência, todas
as outras mulheres negras sofrem com isso também porque a violência contra a
mulher branca diminuiu 9% enquanto que as opressões que nos atravessam só estão
aumentando. As pessoas precisam entender que sofremos duplamente por conta do
racismo e isso dói muito", falou.
A Integrante do Coletivo de
Juventude do Cedenpa, Débora Correa, explica que o fortalecimento do Movimento
Negro é fundamental para enfrentamento do genocídio de jovens negros, e fala
sobre a importância da participação no ato “Tentamos minimamente estarmos
presentes em momentos como este porque precisamos fortalecer o movimento negro
e mostrar para as outras pessoas que a juventude negra está resistindo”, disse
ela.
O evento visa também,
fortalecer as mais diversas manifestações artísticas, pois é através da arte
que muitos jovens superam obstáculos e chegam a uma nova situação social. Por
isso, durante programação, vários grupos artísticos se apresentaram, entre eles
a Companhia de Dança de Rua Stillus, e o grupo musical de Jovens do Movimento
República Emaús. Houve ainda batalhas de MC’ s que competiram improvisando
sobre temas de conhecimentos. O Mc Diego Maia, venceu a competição e foi
premiado com medalha
O Fundador e coordenador da
companhia de Dança Stillus, David Nascimento, 20, afirma que através da dança,
jovens conseguem sair das situações de vulnerabilidade e criminalidade, mas que
para isso, é necessário investimento por parte do governo. “A dança é a arte
que salva tanto negro quanto branco que estão na criminalidade. O que precisa é
que o nosso governo invista em cultura, pois a ela salva e ninguém precisa
estar morrendo por aí”, falou.
Foi por meio da dança que
Everton Luan, 18, encontrou uma maneira de se proteger contra preconceitos e discriminação
que enfrenta por ser homossexual e negro. “Minha arte é também pra lutar contra
o que eu sofro todos os dias, cada passo que eu dou, cada movimento que eu faço
é por uma luta que sofro todos os dias como preta. Então cada comentário que
fazem de racismo ou homofobia eu não me calo porque eu posso expressar
totalmente meu conhecimento e tudo que eu sou”, Afirmou.
O ato é também uma homenagem
para as pessoas que morreram vítimas de preconceitos, racismo, homofobia e
machismo. Uma forma de protestar contra todos os tipos de violência que vêm
acontecendo no País. Inclusive a que levou o jovem Rafael Braga a ser condenado
a 11 anos e três meses de prisão, além do pagamento de R$ 1.687, pelo porte de
pinho sol e supostamente ser flagrado na posse de 0,6g de maconha, 9,3g de
cocaína e um rojão. O mesmo nega e afirma que a droga foi plantada, os únicos
depoimentos que sustentam a acusação são dos policiais.
Queremos o jovem negro vivo.
Queremos o jovem negro
livre.
Queremos Rafael Braga vivo e
livre.