quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Ato denúncia o genocídio de jovens negros das periferias



Foto: Juliana Aleixo

Por Marinéia Ferreira*

O genocídio da juventude negra é fruto do racismo institucional presente na sociedade e vem crescendo de forma considerável nos últimos quatro anos na cidade de Belém e regiões metropolitanas de todo país.
Em 2014, por exemplo, cerca de seis adolescentes negros foram executados no bairro de Icoaraci. Em novembro deste mesmo ano, foram mais de dez jovens negros assassinados em diversos bairros da capital paraense.
A mais recente violência aconteceu no dia 20 de janeiro de 2017, onde aproximadamente 35 adolescentes e jovens negros foram cruelmente exterminados na capital e no interior do estado, após a morte de um policial da Rota durante o seu serviço militar.
Diante desse genocídio contra essa população, a Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia, com apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos, promoveu no último sábado (11) o seu primeiro Ato contra o extermínio da juventude negra do Pará em conjunto com o Coletivo de Juventude Negra do Cedenpa no bairro da Cremação, periferia de Belém.
O objetivo do evento foi dar visibilidade ao genocídio da juventude negra a partir de intervenções de artistas negras e negros.  Foram realizadas atividades de hip hop, entre outras artes que contribuem e fortalecem a cultura negra e suas conquistas, bem como a promoção da igualdade racial, a luta do combate ao racismo e a resistência à violência.
Durante a programação cultural estiveram presentes o Grupos R3, o Moraes MC, a Mana Josi Shaira, o Preto Michael e o Negro Rima, que utilizaram o espaço do evento para denunciar o genocídio da juventude negra e realizar intervenções artísticas durante todo o ato.
“Vejo que quando denunciamos, mostramos para a população que estamos cansados dessas barbáries e também encorajamos as pessoas que estão acuadas diante dessas situações difíceis. Quanto mais pessoas perceberem que existe nas comunidades gente que está na luta pra mudar essa triste realidade, mais teremos poder de cobrar da autoridades justiça sobre os atos que estão acontecendo”, afirmou Wendson Silva do Grupo R3.
Em Belém e outros lugares, a onda de violência contra jovens negros e pobres da periferia vem se intensificando. Segundo dados da Anistia Internacional, em 2012, o Brasil registrou 30.000 homicídios de pessoas entre 15 e 29 anos. Destes, 77% eram negros. Além disso, os jovens negros têm quase três vezes mais chances de serem assassinados do que os jovens brancos. A cada dia, 62 jovens negros são mortos no país.
O que acontece são grandes chacinas com elevado número de vítimas assassinadas por grupos de extermínio. O relatório da CPI das Milícias em 2014 detalha a ação desses grupos que entram nas comunidades através de carros pretos, pratas, e por motos descaracterizadas, e produzem a violência.
Para o educador e comunicador popular Diego Teófilo, que atua na Unipop, “é fundamental que a sociedade de forma geral compreenda os impactos do racismo nela, sobretudo que jovens negros são vítimas de um sistema que é genocida e excludente. Por isso, é de extrema importância provocar momentos como este na periferia”.
O extermínio da juventude existe e precisamos, portanto, combater para que o jovem negro possa ter a oportunidade de se tornar um adulto com uma melhor perspectiva de vida e sonhos.
A MC Mana Josy Shaira comentou sobre a importância da sociedade estar atenta para os ocorridos nas periferias. “Somos nós ativistas que nos importamos de ir onde ninguém vai, anunciar que estamos sendo vítimas de injustiças, que sofremos com a perda de nossos irmãos e irmãs por motivos banais, e tudo vira queima de arquivo. Para combatermos o crime precisamos alertar a população, as famílias, para estarem alertas às situações, produzindo material em uma linguagem acessível para nosso povo, trabalhando a nossa cultura como foi feito nesse ato. Precisamos empoderar o povo preto, resgatar a identidade, com nossa arte, cores, estética e principalmente falar da nossa história, do nosso protagonismo na construção desse país.”
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Sobre a Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia
Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia, é projeto realizado pelo Instituto Universidade Popular – UNIPOP, em parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, e parceira local com o Coletivo Tela FirmeRede de Jovens Mais Pará e Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará – CEDENPA.
A Agência tem por objetivo a constituição de um espaço de mobilização contra extermínio de jovens negros e de visibilidade de práticas positivas desenvolvidas por coletivos, grupos, organizações sociais, entre outros nas periferias de Belém.

Articuladora Jovem da Agência e membro da Rede de Mulheres Negras do Pará


Fonte: Agência Jovem de Notícias
Link: http://www.agenciajovem.org/wp/ato-denuncia-o-genocidio-de-jovens-negros-das-periferias/ 

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Ato mobiliza comunidade contra o extermínio de jovens negros

Por Vanessa Alves*
Foto: divulgação/facebook


O homicídio é a principal causa de mortes de jovens no Brasil, de acordo com os dados levantados pela base brasileira da Anistia Internacional, 56 mil pessoas foram assassinadas no Brasil em 2012, destas 30 mil eram jovens e, entre eles, 77% eram negros.
Esses dados são o reflexo da cultura de violência que vivemos em nosso cotidiano. O desejo de vingança de alguns membros da sociedade explica a existência e o apoio a grupos de extermínio. Além disso, a certeza da impunidade faz com que essa realidade ganhe, cada vez, mais força.
Em contrapartida, grupos e movimentos da sociedade civil organizada vêm se articulando contra o genocídio de jovens negros. Diversas mobilizações como: Atos, palestras, seminários, rodas de conversas, entre outros, tem sido realizadas com o intuito de conscientizar e sensibilizar a população, que em alguns casos não se enxergam como negros e/ou não admitem a existência de grupos que estão exterminando nossos jovens.
É com esse desejo de luta e combate a essas práticas que a Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia realizará neste sábado (11), às 10h, na sede do Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará – CEDENPA, um Ato Contra o Extermínio da juventude Negra, no bairro da Cremação na periferia de Belém. O evento contará com a presença de integrantes da Tem Que Ser Sagaz Crew, Moraes MC, Grupo R3, Mana Josy MC, Grupo de Hip Hop, entre outras atrações.

Sobre a Agência de Notícias
Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia, é projeto realizado pelo Instituto Universidade Popular – UNIPOP, em parceria com o Fundo Brasil de Direitos Humanos, e parceira local com o Coletivo Tela Firme, Rede de Jovens Mais Pará e Centro de Estudos e Defesa do Negro no Pará – CEDENPA. O mesmo tem por objetivo a constituição de um espaço de mobilização contra extermínio de jovens negros e de visibilidade de práticas positivas desenvolvidas por coletivos, grupos, organizações sociais, entre outros nas periferias de Belém.
*Jovem articuladora da agência e integrante do Coletivo Tela Firme

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Em rede, com e pelas mulheres negras

Por Marinéia Ferreira*

Foto: Divulgação/facebook

A Rede de Mulheres Negras foi criada o dia 23 de setembro de 2015, após um seminário de ,ulheres negras ocorrido na Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir do evento, uma das fundadoras da rede, Samily Maria, ficou com a responsabilidade de convocar varias mulheres para participarem da Marcha das Mulheres Negras que foi sediada em Brasília. Na volta para a capital paraense as idealizadoras da rede decidiram agregar as mulheres pós-marcha e, a partir deste momento, elas construíram o I Seminário de Mulheres Negras da UFPA, ainda em 2015. Entretanto, houve a necessidade de organiza-las para discutir sobre as suas especificidades e problemas em comum, diante disso surgiu a mesma.

A rede é um uma forma de fortalecer a luta feminista antirracista e, contribuir para o empoderamento das integrantes afirmando positivamente a construção de sua identidade afro-amazônica, assim como o combate das diferentes opressões que atravessam a realidade das mulheres negras. 

Foto: Divulgação/facebook

Seus objetivos centrais são:

O protagonismo e fortalecimento de mulheres negras; resgatar a história não-oficial a partir de produções de autoras e autores negras e negros; afirmar positivamente a negritude através da valorização estética, moral e psicológica; fazer o recorte interseccional das violências e especificidades, embasado no pensamento do feminismo negro, afirmar mulheres negras enquanto sujeitas de direitos e inseri-las nos debates políticos por meio do movimento negro.

Considerando as particularidades historicas dos países latino-americanos, em especial o Brasil que possui muitas dividas para com a população negra, a rede tem como meta fazer frente ao racismo estrutural que move as relações econômicas, políticas, sociais e afetivas, capazes de estabelecer hierarquias intragêneros.

Ações que desenvolve:

O grupo tem realizado trabalhos de formação e acolhimento para mulheres que buscam a rede. Suas ações vão desde palestras em escolas, universidades, presídio feminino e espaços comunitários abordando os mais diversos assuntos que tangem a sociedade sobre feminismo, preconceito racial, violências contra a mulher, orientações sexuais e identidade de gênero, bem como, abordando temas sobre a criminalização do genocídio da juventude negra brasileira. 


Foto: Oficina de Abayomi na Praça do Orto, em Belém. 

A rede trabalhou na construção da I Marcha das Mulheres Negras de Belém, em julho de 2016, momento de extrema importância para fortalecimento das mulheres negras de Belém. Além de facilitar oficinas de turbante, abayomi (boneca/o preta/a de pano), stêncil/grafitagem, fanzine, contação de histórias negras, rodas de conversa, cines-debate e sobretudo contribuindo para protagonismo de cyberativismo de algumas participantes do grupo.

Foto: Jean Brito

Suas atividades vem sendo desenvolvidas na Região Metropolitana de Belém, com mulheres negras de faixas etárias e condições socieconômicas diferentes.


* Articuladora Jovem da Agência de Notícias JCA e integrante da Rede de Mulheres Negras.