sexta-feira, 7 de julho de 2017

Ato denúncia o extermínio da juventude negra

Por Marineia Ferreira, Lara Costa e Delliane de Lima (colaboração) | Agência de Notícias Jovens Comunicadores da Amazônia.
Fotos: Jean Brito



O Instituto UniversidadePopular (Unipop) através da Agência de Noticia, em parceria  com o Fundo Brasil de Direitos  Humanos e Ação Mundo coletivo, realizou no último sábado (01), um ato contra o extermínio da juventude negra. A ação aconteceu na Praça do Marex e teve como principal objetivo sensibilizar a comunidade local sobre o tema e denunciar a violência física e simbólica sofrida pelos jovens negros. O evento contou com a participação de jovens de diversos bairros, além de apresentações de coletivos e grupos artísticos.

Este é o terceiro ato contra o extermínio de jovens negros promovido pela Unipop. De acordo com o educador, Diego Teófilo, esse ato além de chamar atenção da comunidade para a violência, visa também dar oportunidades para outros grupos sociais debaterem sobre o assunto. “O objetivo do ato além de buscar sensibilizar a comunidade presente na praça, foi também abrir espaço para ONGs, grupos, coletivos, redes e artistas de rua mostrarem o contra ponto da violência, através da autonomia, conhecimento e participação de mulheres e homens que lutam diariamente contra o racismo institucional por meio de seus trabalhos sociais e da arte”, disse ele.

A Representante da Rede de Mulheres Negras, Sabrina Souza, participou do ato e atenta para a violência contra a mulher negra. “Quando uma de nós sofre algum tipo de violência, todas as outras mulheres negras sofrem com isso também porque a violência contra a mulher branca diminuiu 9% enquanto que as opressões que nos atravessam só estão aumentando. As pessoas precisam entender que sofremos duplamente por conta do racismo e isso dói muito", falou.



A Integrante do Coletivo de Juventude do Cedenpa, Débora Correa, explica que o fortalecimento do Movimento Negro é fundamental para enfrentamento do genocídio de jovens negros, e fala sobre a importância da participação no ato “Tentamos minimamente estarmos presentes em momentos como este porque precisamos fortalecer o movimento negro e mostrar para as outras pessoas que a juventude negra está resistindo”, disse ela.

O evento visa também, fortalecer as mais diversas manifestações artísticas, pois é através da arte que muitos jovens superam obstáculos e chegam a uma nova situação social. Por isso, durante programação, vários grupos artísticos se apresentaram, entre eles a Companhia de Dança de Rua Stillus, e o grupo musical de Jovens do Movimento República Emaús. Houve ainda batalhas de MC’ s que competiram improvisando sobre temas de conhecimentos. O Mc Diego Maia, venceu a competição e foi premiado com medalha

O Fundador e coordenador da companhia de Dança Stillus, David Nascimento, 20, afirma que através da dança, jovens conseguem sair das situações de vulnerabilidade e criminalidade, mas que para isso, é necessário investimento por parte do governo. “A dança é a arte que salva tanto negro quanto branco que estão na criminalidade. O que precisa é que o nosso governo invista em cultura, pois a ela salva e ninguém precisa estar morrendo por aí”, falou.

Foi por meio da dança que Everton Luan, 18, encontrou uma maneira de se proteger contra preconceitos e discriminação que enfrenta por ser homossexual e negro. “Minha arte é também pra lutar contra o que eu sofro todos os dias, cada passo que eu dou, cada movimento que eu faço é por uma luta que sofro todos os dias como preta. Então cada comentário que fazem de racismo ou homofobia eu não me calo porque eu posso expressar totalmente meu conhecimento e tudo que eu sou”, Afirmou.



O ato é também uma homenagem para as pessoas que morreram vítimas de preconceitos, racismo, homofobia e machismo. Uma forma de protestar contra todos os tipos de violência que vêm acontecendo no País. Inclusive a que levou o jovem Rafael Braga a ser condenado a 11 anos e três meses de prisão, além do pagamento de R$ 1.687, pelo porte de pinho sol e supostamente ser flagrado na posse de 0,6g de maconha, 9,3g de cocaína e um rojão. O mesmo nega e afirma que a droga foi plantada, os únicos depoimentos que sustentam a acusação são dos policiais.

Queremos o jovem negro vivo.
Queremos o jovem negro livre.
Queremos Rafael Braga vivo e livre.